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“Sem obstáculos em sua mente. Sem obstáculos e, portanto, sem medo”
Tathāgata
Histórico: este blog foi criado em 13 de março de 2012 por mim, Marco Mello. Sua origem está em pequenos guias sobre habilidades acadêmicas que escrevi para os meus alunos a partir de 2007. Em um primeiro momento, esses guias circularam apenas internamente no meu laboratório, mas depois foram compilados aqui no blog, por sugestão de colegas. Nos primeiros anos, contei com a ajuda de alguns colaboradores eventuais (como neste texto e neste outro), aos quais sou imensamente grato. Ainda conto com textos escritos a convite (como este) por pessoas que gentilmente doam seu tempo e conhecimento. Também passaram pelo blog colaboradores mais frequentes, como a Roberta Bonaldo e o Alexandre Palaoro, que deram excelentes contribuições. Desde 11 de março de 2019, a Renata Muylaert faz parte da equipe fixa, trazendo sangue novo para o blog.
Vínculo: este blog é uma iniciativa de extensão do Laboratório de Síntese Ecológica, da Universidade de São Paulo.
Tipos de texto: neste blog são postados, além de anúncios de eventos e publicações, três tipos principais de textos: (i) tutoriais para diversas atividades acadêmicas, (ii) ensaios sobre temas mais complexos e (iii) desabafos sobre problemas da academia no Brasil. Você, obviamente, não precisa concordar com as nossas opiniões. O que escrevemos aqui é baseado na nossa experiência pessoal. Assim, queremos oferecer um ponto de partida para você buscar mais informação e depois formar a sua própria visão sobre a academia.
“Então, como eu ‘tava dizendo, sangue bom
Racionais MCs
Isso não é sermão, ouve aí tenho o dom
Eu sei como é que é, é f**a parceiro”
Dinâmica: Vale ressaltar que os textos aqui do blog são constantemente revisados e atualizados. Correções e alterações de vários tipos são feitas imediatamente, conforme os leitores nos apontam erros ou sugerem pontos de vista alternativos. Portanto, não estranhe se você notar diferenças em um texto ao relê-lo.
Visão: cinco culturas humanas formam o principal legado da nossa espécie, pois transcendem fronteiras de épocas e países: ciência, filosofia, religião, arte e esporte. Nesse contexto, a ciência é uma cultura humana focada em contrastar expectativa e realidade. A ciência é bela e poderosa, devendo ser aprendida através de um treinamento sólido e não por osmose.
Missão: ajudar aspiras e novatos a trilharem a Jornada do Cientista.
Valores: curiosidade, perseverança e autonomia.
Lema: decida qual é o seu sonho, verifique o preço dele e pague-o sem reclamar.
Agradecimentos: criei este blog para repassar aos colegas mais novos os ensinamentos que recebi de grandes mestres da ciência. Alguns deles me orientaram formalmente, enquanto outros fizeram o papel de mentores ou guardiões de limiar durante a minha jornada. Sou especialmente grato à minha saudosa mentora, Profa. Elisabeth Kalko, da Universität Ulm (Alemanha), que me coorientou no doutorado, supervisionou no postdoc e, por fim, foi minha chefe no meu primeiro emprego acadêmico como pesquisador associado. Ela foi a grande responsável por me educar como cientista. Sou grato também ao Prof. Gilson Volpato, aposentado pela Unesp de Botucatu, que escreveu os primeiros livros brasileiros com conselhos sobre a ciência e a carreira acadêmica. Os livros dele me ajudaram muito a praticar e ensinar ciência, dando a inspiração que resultou neste blog.
Gratidão: se os tutoriais, conselhos e dicas dados neste blog ou nos nossos livros te ajudarem na tua carreira ou em algum trabalho acadêmico (TCC, monografia, dissertação, tese, artigo, livro, apostila, resumo, pôster, palestra, patente etc.), fique à vontade para mencionar isso nos agradecimentos. Além disso, os nossos livros têm ISBN e, portanto, são perfeitamente citáveis.
Público-alvo: aqui escrevemos com foco em estudantes de graduação e pós-graduação que pretendem seguir carreira na ciência, os quais chamamos carinhosamente de aspiras. Contudo, este blog não visa formar alunos ferais, mas servir como uma fonte de conselhos práticos. Também damos conselhos a novatos, ou seja, cientistas que estão fazendo postdoc ou acabaram de conseguir seu primeiro emprego acadêmico. Por fim, também explicamos para pessoas de fora da academia como as engrenagens da ciência funcionam.
Moderação: reservamo-nos o direito de moderar os comentários. Críticas, elogios e sugestões são igualmente bem-vindos, mas desde que feitos com civilidade e de forma inteligível, sem ironia, sarcasmo ou grosseria. Comportamentos tóxicos levam ao bloqueio sumário, sem conversa. Não damos moral para haters, stalkers, flooders, spammers, “canceladores” e “lacradores” em geral. Portanto, se você é uma pessoa frustrada ou ressentida, não encontrará aqui a atenção que procura. Fica a dica: antes de concordar ou discordar de algum dos nossos posts, leia-o até o final. Em suma, isso aqui não é uma rede social, então comporte-se.
Glossário, incluindo neologismos e palavras usadas de forma não convencional neste blog:
- Aluno feral: aspira que não conta formalmente com um orientador ou conta com um orientador omisso e, por isso, acaba crescendo sozinho no mato. A pessoa volta a um estado semi-selvagem, mordendo quem lhe estende a mão para dar conselhos ou broncas.
- Aspira: aspirante a cientista, ou seja, estudante de iniciação científica, mestrado ou doutorado. Piada emprestada do filme Tropa de Elite (Padilha 2007).
- Cientista: profissional especializado em produzir conhecimento usando o método científico.
- Coautor-fogo-de-palha: espécie muito pitoresca da fauna acadêmica. Geralmente, toma a forma de um colega que aceita participar de um projeto ou se convida para o mesmo, mostrando grande empolgação no início, mas depois enjoando e empurrando suas obrigações com a barriga. Geralmente, são os principais responsáveis por fazer artigos empacarem.
- Doutor: título outorgado a um cientista que defendeu uma tese com sucesso dentro de um PPG acadêmico, tendo, portanto, conquistado o direito de fazer pesquisa de forma independente, sem precisar de um orientador. Diferentes países usam diferentes expressões e siglas para designar esse título, como D.Sc., D.rer.nat. e Ph.D., sendo todas elas equivalentes umas às outras, ao contrário do que muitos pensam.
- Faixa preta: ver doutor.
- Faixa vermelha: sênior que transcendeu a maturidade profissional e se tornou um grão-mestre da academia. Geralmente, está aposentado ou quase, e tem título de professor emérito. Veja aqui explicações sobre os dans acadêmicos.
- Grão-mestre: ver faixa-vermelha.
- Mentor: orientador que acaba adotando academicamente um aspira por ter alta sintonia pessoal e profissional com ele, criando uma verdadeira relação mestre-aprendiz.
- Mestre: cientista que concluiu um mestrado acadêmico (stricto sensu). Aqui no blog, usamos esse termo mestre no sentido de mid-career researcher (MCR, como se diz lá fora).
- Novato: faixa preta que está fazendo postdoc ou acaba de conseguir o primeiro emprego permanente ou estável como professor doutor, assistente ou adjunto; costuma ser chamado de early-career researcher (ECR) lá fora.
- Orientador: faixa preta encarregado de cuidar da formação de aspiras de iniciação científica, mestrado ou doutorado.
- Pós-graduando: aspira que está cursando mestrado ou doutorado. Veja aqui dicas para quem acabou de entrar em um desses cursos.
- Postdoc: i.e., pós-doutor ou pós-doutorando. Faixa preta que trabalha como pesquisador sem ainda ter um emprego estável, sob a supervisão de outro faixa preta mais sênior. Veja aqui dicas específicas sobre essa fase da carreira.
- Professor universitário: em inglês e alemão, Professor (e não teacher ou Lehrer). Cientista profissional contratado por uma universidade pública ou privada, encarregado de atividades de pesquisa, ensino, orientação, extensão e gestão. Veja mas sobre esse cargo aqui.
- Sênior: faixa preta maduro e na fase final da carreira. Conhecido lá fora como late-career researcher (LCR). Alguém que está no topo, com cargo de professor titular.
- Silverback: faixa-vermelha; um grão-mestre da área de especialidade, podendo representar um Gandalf ou Saruman para os colegas mais novos, dependendo de como se comporta.
- Supervisor: faixa preta encarregado de supervisionar o trabalho de um postdoc.
Acrônimos e siglas acadêmicas que você verá aqui, ali e acolá:
- B.Sc.: Baccalaureus Scientia; em latim, bacharel em ciências. Título conquistado por aspiras que concluem a graduação na área de ciências no modo bacharelado.
- Capes: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Principal agência governamental que financia a pós-graduação pública no Brasil.
- CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Principal agência de fomento à ciência do Brasil, que financia bolsas e grants de vários tipos e em várias escalas.
- D.Sc.: Doctor Scientiae; em latim, doutor em ciências. Título de doutor usado no Brasil e países latinos em geral, equivalente ao Dr. rer. nat. e ao Ph.D.
- Dr. rer. nat.: Doctor rerum naturalium; em latim, doutor em coisas da natureza. Título de doutor usado principalmente em países germânicos, equivalente ao D.Sc. e ao Ph.D.
- ECR: early-career researcher, em inglês; ver novato.
- FAP: fundação de amparo à pesquisa. Fundações estaduais, alimentadas com porcentagens do PIB de cada estado, que pagam bolsas e auxílios a pesquisa e extensão. Por exemplo, FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).
- IC: iniciação científica. Termo usado no Brasil para designar os estudantes de graduação que se vinculam formalmente a um laboratório para aprenderem os primeiros passos na ciência.
- JP: Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes. Programa similar a um pós-doutorado mantido pela FAPESP. Sem dúvida o melhor programa para recém-doutores mantido no Brasil. Ser um postdoc “JP” é uma grande honra, pois o doutor contemplado ganha uma bolsa bem gorda e um auxilio à pesquisa uma ordem de grandeza maior do que um Edital Universal do CNPq, por exemplo.
- LCR: late-career researcher, em inglês; ver sênior.
- MCR: mid-career researcher, em inglês; ver mestre.
- M.Sc.: Magister Scientiae; em latim, mestre em ciências. Título conquistado por aspiras que concluem um mestrado stricto sensu (acadêmico) na área de ciências. O título tem muitas variações, dependendo da área. Por exemplo, MBA (master of business administrationem inglês), título conquistado por quem faz mestrado lato sensu (especialização) em administração.
- PDJ: Pós-Doutorado Junior do CNPq. Um dos muitos programas de postdoc existentes no Brasil, focado em candidatos que são doutores há menos de 7 anos. A bolsa é atribuída diretamente ao candidato ou a um supervisor, no caso de bolsa concedida via projeto.
- PDS: Pós-Doutorado Sênior do CNPq. Um dos muitos programas de postdoc existentes no Brasil, focado em candidatos que são doutores há mais de 7 anos. A bolsa é atribuída diretamente ao candidato ou a um supervisor, no caso de bolsa concedida via projeto.
- Ph.D.: Philosophiae Doctor; em latim, doutor em filosofia (em um sentido bem amplo, englobando também a ciência). Título de doutor usado principalmente em países anglo-saxões, equivalente ao Dr. rer. nat. e ao D.Sc. Não confundir com postdoc, que é a expressão internacional para o que chamamos de pós-doutorado.
- PI: principal investigator. É como chamam os orientadores e chefes de laboratório em geral lá fora.
- PIBIC: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Programa mantido pelo CNPq e apoiado por algumas FAPs, que visa prover cotas de bolsas IC para diversas universidades, principalmente as federais.
- PPG: programa de pós-graduação. Geralmente, os cursos de mestrado e doutorado no Brasil são conhecidos por siglas que começam com PPG, como por exemplo PPGE-UFRJ (Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
- PNPD: Programa Nacional de Pós-Doutorado da CAPES. Um dos muitos programas de postdoc existentes no Brasil, diferenciado por conceder bolsas por até 5 anos para a mesma pessoa e dar total liberdade a cada PPG na concessão e gerenciamento dessas bolsas. A bolsa é atribuída a um PPG, não a um candidato ou supervisor.
- PQ: bolsa de produtividade em pesquisa. Bolsa oferecida pelo CNPq a professores e pesquisadores que de destacam por terem uma produtividade bem acima da média nacional na área, especialmente em termos de publicações e orientações. É dividida em níveis de acordo com categorias de produtividade, em ordem crescente: 2, 1D, 1C, 1B e 1A.
- TCC: trabalho de conclusão de curso. Termo usado no Brasil, designa principalmente trabalhos de conclusão de graduação, mas pode ser usado também para se referir a trabalhos de conclusão de mestrado (dissertação) e doutorado (tese). Muitas vezes usado como sinônimo de monografia.
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