Hoje celebramos o legado de uma das maiores cientistas de todos os tempos.
Em 26 de setembro de 2011, o mundo acadêmico foi surpreendido pela notícia da morte da Profa. Kalko, durante uma expedição ao Monte Kilimanjaro, Tanzânia.
Na época, eu trabalhava como pesquisador associado na Universität Ulm, Alemanha, onde a Profa. Kalko era chefe do Departamento de Ecologia Experimental (Bio3). Assim, ficamos sabendo do ocorrido em primeira mão.
Logo depois, a notícia correu o mundo. Diversos obituários foram escritos em revistas científicas e na imprensa. Também foram feitas dezenas de homenagens a ela dos mais variados tipos, como por exemplo a criação do Prêmio Elisabeth Kalko pela SBEQ. Editamos ainda um número especial da revista Chiroptera Neotropical em homenagem a ela.
Na verdade, isso tudo parece que foi ontem. Fiquei à deriva por anos, em luto, após perder a minha grande amiga e mentora. Ela me aconselhava à distância desde a graduação, tendo depois ocupado os papéis formais de coorientadora de doutorado, supervisora de postdoc e, por fim, chefe no meu primeiro emprego acadêmico como pesquisador associado. Foi ela quem me ensinou a ser cientista e a acreditar nos meus sonhos.
Além de ser uma excelente orientadora e cientista, ela era também uma pessoa sensacional. Uma verdadeira estrela que iluminava todos à sua volta. Com o tempo, a ferida causada por sua perda cicatrizou, apesar de nunca ter sarado completamente.
Hoje, terminando a semana do equinócio de primavera (Ohigan), gostaria de fazer uma homenagem especial à Profa. Kalko. Ela transformou profundamente não apenas a minha vida, mas também as carreiras de milhares de quiropterólogos ao redor do globo. Ela foi uma das maiores autoridades mundiais no estudo de morcegos, tendo inspirado profundamente a nossa forma de ver esses magníficos animais.
Palavras não são capazes de descrever a nossa gratidão, então cabe aqui apenas uma profunda reverência.
“E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contarE até lá, vamos viver
Legião Urbana, “Metal contra as Nuvens”
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora
Apenas começamos”
Foto destacada: A Profa. Kalko amava as figueiras, suas árvores favoritas. Foto por Katrin Heer.
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