A pós-graduação faliu no Brasil

Na quarta-feira, dia 8 de julho de 2015, por ironia o Dia Nacional da Ciência, recebemos em todo o Brasil o anúncio catastrófico de que o governo federal, do nada, cortou em 75% a verba Proap. Essa verba sustenta a maioria dos programas de pós-graduação no Brasil.

Para quem não sabe, o Proap (Programa de Apoio à Pós-Graduação), fornece uma verba usada para custear várias despesas dos programas de pós-graduação brasileiros com notas de 3 a 5. Os que alcançam notas 6 ou 7 recebem verba Proex (Programa de Excelência Acadêmica).

A verba Proap cobre a participação de professores em bancas de mestrado e doutorado, diárias para alunos participarem de congressos e cursos, diárias para custear cursos de campo, conserto de equipamentos, serviços de terceiros em geral e muitas outras coisas.

O pior é que a nossa verba já tinha sido cortada de outro lado. Em janeiro deste ano, o governo federal já havia cortado 1/3 da verba do MEC, sem consulta à comunidade acadêmica. Uma medida autoritária e anti-democrática, que nos deu uma rasteira. Esse corte deixou em cheque a Capes, assim como todas as universidades federais, centros de pesquisa, colégios técnicos e outras instituições de ensino. Na verdade, ficamos sabendo que esse corte seria feito ainda em outubro de 2014, mas apenas via conversas de corredor, sem anúncio oficial.

Agora fizeram oficialmente o corte de 75% no Proap, novamente sem diálogo, na calada da noite. Em resumo, a pós-graduação faliu no Brasil e com ela a pesquisa científica e a formação de novos cientistas.

Dia 8 de julho de 2015 é nossa data de óbito. Este é o legado da nossa “pátria educadora”.

O blog está de luto.

Agradeço especialmente à Profa. Suzana Herculano-Houzel, que não tem medo de falar a verdade e tem divulgado a realidade da nossa ciência para o mundo todo.


Mantendo viva a memória da crise

Desde o post original acima, publicado em 2015, tenho divulgado notícias sobre a crise na ciência brasileira, que começou no final de 2014. Na verdade, ela começou mesmo em 2013, na forma de uma crise política à qual depois somou-se uma camada econômica. Notem como só temos descido ladeira abaixo desde então.

Eu vi a crise se formando lá atrás, mas poucos acreditaram em mim. E mesmo os que acreditaram acharam que seria uma crise rápida. Portanto, dedico este diário aos fanáticos políticos, que me xingaram, difamaram e ameaçaram aqui no blog e também por e-mail e nas redes sociais. Seus comentários virulentos e difamatórios ficaram registrados aqui para a posteridade.

Na época em que publiquei este post, fui cancelado pela esquerda. Hoje, sou cancelado pela direita.

Quero preservar a memória desta crise, pois vivemos uma guerra de desinformação. Quero ressaltar que nenhum governo brasileiro nas últimas décadas, independentemente de partido ou ideologia, tratou educação, ciência, tecnologia e inovação com respeito. Todos, sem exceção, agiram de forma populista ou negacionista. A questão não é ser a favor do governo A ou B: sou a favor da ciência.

Se nós, cientistas profissionais, não formos a favor da ciência, quem será? Vivemos na Era da Pós-Verdade, em que as mentiras de políticos populistas têm maior aceitação do que laudos técnicos de cientistas. Essa crise de confiança na Academia, cujas raízes remontam aos anos 1950, recentemente se transformou em uma verdadeira guerra mundial contra a ciência e as universidades. O Brasil, como sempre, aderiu a moda. Hoje virou uma espécie de esporte nacional falar mal de universidades, professores, cientistas e servidores públicos.

Eleger os intelectuais como inimigos públicos é um sintoma claro da doença que a nossa sociedade vive. Precisamos contribuir para a cura. Nesse caminho, a minha visão é de que a Academia deveria ser uma força social independente, apartidária e atemporal, que não se curva a partidos, sindicatos ou ideologias. Uma força que sirva como um farol para a sociedade.

Só que esse farol anda apagado. Infelizmente, nos últimos anos, a polarização e a falta de diálogo que envenenam a nossa sociedade se intensificaram também dentro da Academia. Nosso futuro é sombrio, se essa nova onda anticiência não for revertida.

Em suma, um país que não respeita educação, ciência e tecnologia, no qual a política “de longo prazo” muda todo ano, não tem futuro.

Um país que acredita que educação serve apenas para conseguir empregos melhores, no qual o ensino superior é visto apenas como um inconveniente entre a escola e o diploma, não tem futuro.

Um país que não respeita a diversidade de opiniões, no qual quem pensa diferente da maioria é difamado e humilhado, mesmo dentro das universidades, não tem futuro.

Um país que não respeita a autonomia universitária, no qual políticos oprimem acadêmicos sob aplausos da sociedade, não tem futuro.

Um país que não respeita a independência intelectual, no qual professores se prestam ao papel ridículo de cabos eleitorais de candidatos ou partidos, não tem futuro.

Um país que não respeita seus senseis, no qual os aprendizes não têm mente de principiante e acham que podem mandar em seus mestres, não tem futuro.

Diário da falência acadêmica brasileira:

Aviso: este diário foi mantido de 2015 a 2021, mas agora está desativado. Provavelmente não voltaremos a fazer atualizações. De qualquer forma, ele cumpriu seu papel de manter viva a memória desta crise, atravessando três governos federais. A tendência é que a situação da ciência no Brasil piore ainda mais em um futuro próximo. Mas lembre-se de que nenhuma crise dura para sempre. Lembre-se também de manter a sua independência política e não seguir cegamente políticos ou partidos de estimação, pois nenhum deles se preocupa de verdade com ciência e educação.

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19/08/2019: Brazil’s budget cuts threaten more than 80,000 science scholarships

14/08/2019: Sem dinheiro, CNPq deve suspender pagamento de bolsas

02/08/2019: Conflito sobre dados da Amazônia derruba diretor do Inpe

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14/05/2019: Cortes sucessivos de verbas provocam autoexílio de cientistas no exterior

14/05/2019: ‘2019 tem sido um ‘tsunami’ de más notícias para a ciência’, avalia pesquisadora

12/05/2019: ‘Esses cortes podem ser um retrocesso irreversível’, diz pesquisadora sobre cortes na Capes

08/05/2019: Ex-ministros denunciam “desmonte” da agenda ambiental brasileira

08/05/2019: Gestão Bolsonaro faz corte generalizado em bolsas de pesquisa no país

06/05/2019: Carta aberta da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) sobre a CPI das Universidades

01/05/2019: Brazil Plans to Slash Funding of Universities by 30 Percent

19/04/2019: Brazil slashes funding to scientists. The planet may suffer.

09/04/2019: ‘We can’t take another hit like this’: Brazilian scientists lament big budget freeze

14/02/2019: “Precisamos recuperar o prestígio da ciência brasileira”, afirma Marcos Pontes

09/08/2018: CNPq diz que não terá verba para investir em pesquisa em 2019

07/08/2018: MEC repassa R$ 296 milhões para pagamento de bolsas da Capes

02/08/2018: Capes diz ao MEC que orçamento atual fará pós-graduação parar em um ano ➡︎ será que agora, 3 anos depois deste post, finalmente chegamos ao fundo do poço? Alguém aí ainda não acredita que a crise na pós-graduação é real?

20/07/2018: Quem matou a ciência brasileira?

18/07/18: Cortar recursos da ciência é economia ‘burra’, diz presidente da Finep

23/03/2018: Crise ameaça ciência brasileira na Antártida

19/03/2018: ‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessidade em MG

16/03/2018: Ousted from ESO, Brazilian astronomy will be ‘strangled,’ says president of the Brazilian Astronomical Society

06/02/2018: Orçamento da Ciência e Tecnologia tem R$ 477 milhões bloqueados

08/11/2017: Governo propõe 25% de corte no orçamento de ciência e tecnologia para 2018

20/10/2017: In Brazil, researchers struggle to fend off deepening budget cuts

04/10/2017: Scientists plead with Brazilian government to restore funding

06/09/2017: A ciência brasileira está falida. E daí?

03/08/2017: A ciência brasileira faliu MAIS AINDA (#Pirula 123.2)

02/08/2017: CNPq atinge teto orçamentário e pagamento de bolsas pode ser suspenso

19/07/2017: Capes perde R$ 1 bilhão por ano e pode sofrer novo corte em 2018

20/06/2017: Financiamento em crise

03/04/2017: Brazilian scientists reeling as federal funds slashed by nearly half

23/01/2017: Facing ‘doomsday’ scenario, scientists consider fleeing Brazil

16/01/2017: MCTIC terá acesso a R$ 1,7 bilhão que estava vinculado à Fonte 900 do Orçamento em 2017

12/01/2017: Deputados tiram R$ 120 milhões da Fapesp

10/01/2017: Ciência começa ano com empréstimo de US$ 1,5 bi, mas orçamento condicionado

10/11/2016: Membros de Comitês de Assessoramento recebem boas notícias do Presidente do CNPq

26/10/2016: Mais de mil escolas e universidades estão ocupadas no Brasil

25/10/2016: Aprovada na Câmara, PEC 241 segue para o Senado: entenda as polêmicas do texto

03/06/2016: Cientistas se mobilizam para resgatar ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

28/07/2016: Cortes do governo federal põem em risco rede de informática de universidades e hospitais do interior

25/05/2016: um ofício circular da Capes enviado às reitorias das universidades federais informa que, assim como em 2015, agora em 2016 teremos novamente corte de 75% na verba Proap. Detalhe: estávamos até agora sem verba e sem notícias oficiais, sabendo das coisas apenas através de conversas miúdas.

22/05/2016: Êxodo científico impede o país de superar suas crises

02/05/2016: Neurocientista Suzana Herculano-Houzel deixa o país

05/04/2016: Capes bloqueia mais de sete mil bolsas de pós-graduação no país

17/12/15: A ciência brasileira faliu?

25/09/15: A ciência brasileira está em crise e a culpa é dos cientistas

18/09/15: Cientistas se manifestam contra possível fusão

10/09/15: Com ajuste fiscal, agências de pesquisas cortam seus principais editais e preocupam cientistas

03/09/15: Corte maior no orçamento de 2016 ‘é realidade’, diz ministro da Educação

03/09/15: Programa ‘Ciência sem Fronteiras’ será congelado

30/08/15: Ciência do país vive pior crise em 20 anos

15/08/15: Pesquisa científica no Brasil é menosprezada

03/08/15: Novo corte por conta do ajuste fiscal retira R$ 350 milhões do MCTI

31/07/15: O apagão das pesquisas científicas

30/07/15: ABC e SBPC enviam carta oferecendo apoio a ministro de CT&I

11/07/15: Capes garante recurso para pós-graduação e pesquisa

10/07/15: Universidades federais repudiam ‘corte de verba’ para programa de pós-graduação

10/07/15: A respeito do corte de orçamento na pós-graduação

10/07/15: Capes anuncia corte de 75% da verba de custeio da Pós-Graduação no país

08/07/15: Neurocientistas lamentam cortes de verbas para pesquisas devido a crise econômica

03/07/15: Novo reitor da UFRJ toma posse em meio a crise na universidade

03/07/15: Sem recursos, neurocientista pensa em fechar laboratório e sair do Brasil

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Legenda (incluída em 12/07/15)

Muita gente interpretou errado este post (mas a maioria ainda saber ler, ufa!), então lá vai uma explicação adicional.

Crises são momentos em que as cartas são re-embaralhadas, oportunidades para se reinventar e crescer. O luto aqui não significa jogar a toalha. Muito pelo contrário, significa um protesto, uma provocação. Nisso eu atingi meu objetivo, que era sacudir meus colegas e fazer eles discutirem o assunto e repensarem suas certezas.

Minha mensagem principal é: precisamos repensar o nosso modelo de pós-graduação e pesquisa no Brasil, não podemos depender de uma ou duas fontes governamentais centrais quase que exclusivamente. Precisamos de múltiplas fontes de receita nos PPGs, inclusive a iniciativa privada, para termos autonomia concreta. Senão ficamos à mercê do humor de cada governo.

De qualquer forma, independentemente do humor de cada governo, a base sempre será construída com verbas públicas, vindas de diferentes governos. Isso é assim inclusive nos países líderes da ciência. A iniciativa privada só entra no ciclo da inovação, depois que os fundamentos foram lançados pela ciência básica financiada por impostos. Por isso precisamos também eleger políticos que entendam a necessidade de manter um bom sistema público de fomento à ciência, estável e confiável, cuja visão de longo prazo não mude a cada ano.

Saídas para a estupidez que domina o mundo

Assista o video TED abaixo. As soluções propostas para a polarização venenosa que levou os EUA a uma eleição traumática também se aplicam ao Brasil. Enquanto continuarmos indo na onda de políticos que querem nos dividir, tanto à esquerda quanto à direita, nunca conseguiremos construir uma nação juntos.

57 respostas para “A pós-graduação faliu no Brasil”

    1. Não é bem assim a realidade. Na UFMG tivemos todas as ordens de pagamento ligadas ao Proap canceladas do dia para a noite e estamos tendo inclusive que cancelar cursos e atividades, além de não podermos reembolsar alunos e professores que fizeram despesas por conta mês passado. Ficamos até junho com o Proap congelado, quando então nos disseram que havia sido liberado. Agora, um mês depois, veio o comunicado oficial do mega-corte. Ou seja, caos. Impossível fazer um planejamento sério, mesmo na escala de meses.

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  1. Aviso: no caso deste post, dada a gravidade do tema e comoção que está causando, estou deixando os comentários rolarem mais soltos, tanto os pró quanto os contra. Contudo, continuo bloqueando comentários com ataques pessoais, ofensas ou chiliques de cheerleaders de partidos. Para quem estiver a fim de começar uma briga de baixo nível típica da internet brasileira recomendo ir fazer comentários no facebook, G1, Veja, Carta Capital ou afins, onde a baixaria rola solta. Aqui é lugar de gente que sabe se expressar com um mínimo de civilidade. Não concorda? Vá ler outro blog, tem um monte por aí.

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  2. Isso é muito bom, por que a maioria dos Professores são Petistas, agora aguenta firme que ainda vem mais, isso só é o começo. Fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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  3. Na verdade ela já faliu a muito tempo quando deixou de ser um curso de ampliação de conhecimentos e criação de novos pensamentos para se adequar a lógica do Lattes de publicar a qualquer custo.

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  4. Dois pontos:
    1- Fica difícil depender de capital privado no país pq a maioria das empresas caga 1 ton pra pesquisa. E quando investem, o fazem pra obter resultados imediatos. (há exceções, mas a regra é essa)
    2- As pessoas se esquecem que o governante é o reflexo de sua população. Se os governantes cagam para a educação, é de se questionar se a população não faz o mesmo. Bem por isso, não seria essa uma boa hora pra se investir em divulgação científica? Não mostrar que fulaninho descobriu a cura pra tal doença, mas mostrar o que é ciência, como é feita e pra que. E não só na TV, mas em escolas, comunidades e etc.

    Até pq, fica difícil mostrar que a ciência é algo bom, se ninguém sabe pra que serve…

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  5. Só uma dúvida, eu vi que esses cortes mudavam de instituição para instituição. Na UFBA ele foi de 75%, mas na UFSM já foi de 68%. Pela matéria deu a entender que seria um corte uniforme de 75%, o que não é o caso.

    De qualquer forma, um dia triste para a pós-graduação que tanto apanha aqui…

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  6. Infelizmente esse não é e nunca foi o melhor lugar para depender de governo! Inda mais no setor de Educação. Se o próprio governo é um malcriado, mal educado e mal votado. Por uma maioria desinformada que não é muito diferente. Mas agora não podemos mais contar com a política, porque dos que votaram nesses, poucos aparecem pra dar as caras.

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  7. O pessoal tem comentado aqui sobre os dois lados da moeda, concordo plenamente, dá para se reestruturar em momentos de crise. O problema é que o governo realiza esses cortes subitamente. Não dá para reprogramar um orçamento de pesquisa da noite para o dia, já é difícil colocar os gastos na ponta do lápis, temos que nos desdobrar com os atrasos em repasses de verba e de repente… toda programação tem que ser refeita porque o governo simplesmente mudou as regras. Complicado.

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  8. as coisas não sao assim tão simples e voce não pode acusar de carreirista alguem que como qquer outro deseja apenas um melhor futuro para si e sua familia. no regime CAPITALISTA em que vivemos assim operam as pessoas. imagina se um pesquisador americano, uma vez chamado a trabalhar, digamos, na Franca,teria algum prurido patriotico, ou fosse acreditar que seu trabalho beneficiasse apenas os franceses. num mundo onde a grande maioria dos pesquisadores russos ja’ imigrou para europa ou EUA? dream on!
    quem propoe o oposto e’ porque ou se sente recalcado por não ter tido a mesma oportunidade, ou esta’ preso a conceitos retardados de patriotismo que simplesmente nao mais funcionam no contexto globalizado que vivemos. de que adianta um pesquisador voltar ao brasil, e ser infeliz pelo resto de sua vida? uma pessoa a mais feliz no mundo e’ o que faz a diferença.

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    1. Celso, eu concordo em grande parte contigo. Independente do sistema econômico ou político de um ou outro país, a ciência sempre foi, é e continuará sendo transnacional e transtemporal. O conhecimento que a ciência produz traz benefícios para a humanidade toda em uma escala de séculos, não décadas ou anos. Por isso, em tempos bons e em tempos ruins, cientistas devem circular pelo mundo, interagir e trabalhar com colegas por toda parte, ignorando solenemente fronteiras políticas, econômicas e culturais.

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  9. A loteria, os salários do futebol, dos políticos deviam ser taxados e essa grana deveria ser canalizada pra pesquisa……há muitas fontes…..grana tem, mas é que o “sistema” leva tudo!

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    1. Wilson, eu me pergunto: por que em momentos de crise o governo nunca corta na própria carne, mas sempre na educação e na pesquisa? Até na Espanha caíram nessa armadilha e estão perdendo alguns dos melhores cientistas de uma geração de ouro, formada nos anos 1990 e 2000.

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      1. Velho, acho é nossa mentalidade, olha só….difícil compreender….maiores impostos do mundo, maiores juros do mundo, políticos com os maiores salários do mundo, piores serviços, nossa educação é uma merda mesmo, saúde uma bosta,….. não temos nenhum Nobel, pensa….
        Entre os BRICS
        Rússia (27)
        Africa do Sul (10)
        China (9)
        Índia (9)
        Brasil (0) = Intelectualmente IRRELEVANTE!

        Na América Latina:
        Argentina (5),
        México (3)
        Chile (2),
        Guatemala(2)
        Colômbia (1),
        Costa Rica (1),
        Peru(1),
        Venezuela (1)
        Brasil (0) = Intelectualmente IRRELEVANTE!

        …e ainda levamos 7 x 1 da Alemanha…..nem no futebol prestamos mais!!
        …..e o Dunga é o treinador…..e ninguém fala nada!

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  10. No dia que eu vi policial batendo em professor no Paraná, eu coloquei que estava de luto No Facebook. Agora, lá vou eu pra mais um enterro. Brasil. Pátria Educadora (?)

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  11. Eu vivi e fiz ciência no exterior por 2 anos e ao voltar não consegui dar continuidade a minha pesquisa porque não consigo financiamento e não há nenhum concurso aberto para minha especialidade. As faculdades particulares não contratam tão fácil doutores, pois são obrigadas a pagar salários mais altos. Há 7 meses estou desempregada e não consigo ver uma luz no fim do túnel. Nem tudo é preto e branco. E por mais que você seja patriota e queira fazer ciência de qualidade no Brasil fica impossível sem nenhum apoio, já que cientistas também comem e tem outras tantas contas para pagar.

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    1. Exato. A carreira de cientista tem vários tons de cinza. E cientista também tem família, contas a pagar etc.

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  12. Triste! Mas os cortes estão em todas as areas (de beneficio popular). Faço ciência fora do país a alguns anos já e a cada dia não sei se posso voltar. Eu gostaria de voltar um dia mas não vejo o Brasil levando ciência a serio (alias nenhum dos setores da educação) e isso me faz não querer voltar. Espero que um dia isso mude. E acredito mesmo que os cientistas que fazem trabalho de qualidade no Brasil são heróis e deviam ser mais respeitados. O problema e mais grave para os doutores e pos-doutores que apesar de muitas vezes fazerem um trabalho de ótima qualidade são sujeitos a salários ridículos e tratados como estudantes sem nenhum direito trabalhista. O problema e de base (e muitas vezes internacional ) e não vai melhorar com todos esses cortes. Mas vamos que vamos!

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    1. (meu teclado nao tem acento) Ha dois lados a serem considerados: o da nossa carreira e o desenvolvimento da ciencia no pais.
      – Concordo ser desestimulante fazer pesquisa fora e voltar ao Brasil, se deparar com todas as dificuldades que jah estavamos acostumados (antes de sairmos do Brasil).
      – Por outro lado, eh exatamente de nos que o pais precisa, sabemos que nao seria facil trabalhar em condicoes muito aquem das que nos acostumamos fora, porem, o nosso regresso ao pais representa, ainda que a duras penas, uma ponta de esperanca na evolucao da ciencia.
      Eh injusto comparar Brasil x EUA, Brasil x Europa …, nao dah pra ser tao simplista e egoista. O pesquisador que, sentindo-se desestimulado a voltar e nao encarar um novo desafio, eh simplesmente um carreirista, o qual usurpou do Brasil na graduacao e agora nao dah a minima. Seu desempenho lah fora nao tera nenhum impacto no Brasil. Jah aquele que planeja voltar, enfrentar toda essa crise, trabalhar em universidades nao tops como as de fora, batalhar em concursos concorridos, esse sim tem um grande objetivo em mente e, consequentemente, vai colher os frutos de quando o Brasil retomar as redeas do crescimento economico.
      Resumindo, pensem nos dois lados.

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        1. Eu te entendo, Denis, mas a coisa não é tão preto-e-branco assim. Você pode tornar o mundo um lugar melhor indo para um país de ponta e fazendo ciência de fronteira que beneficie a humanidade como um todo ou ficando no seu país e ajudando a desenvolver a ciência nele. Não há certo ou errado nesse tipo de escolha, não tem nada a ver com carreirismo ou egoísmo, mas sim com o perfil de cada um. Cientista não tem país, tem no máximo universidade. A ciência é uma cultura humana transnacional e transtemporal. Lembre-de do Nelson Rodrigues: “o patriotismo é o último refúgio do canalha”. Às vezes é fácil a gente se deixar levar por discursos de “defesa da pátria” que só interessam a um grupo: os governantes.

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      1. as coisas não sao assim tão simples e voce não pode acusar de carreirista alguem que como qquer outro deseja apenas um melhor futuro para si e sua familia. no regime CAPITALISTA em que vivemos assim operam as pessoas. imagina se um pesquisador americano, uma vez chamado a trabalhar, digamos, na Franca,teria algum prurido patriotico, ou fosse acreditar que seu trabalho beneficiasse apenas os franceses. num mundo onde a grande maioria dos pesquisadores russos ja’ imigrou para europa ou EUA? dream on!
        quem propoe o oposto e’ porque ou se sente recalcado por não ter tido a mesma oportunidade, ou esta’ preso a conceitos retardados de patriotismo que simplesmente nao mais funcionam no contexto globalizado que vivemos. de que adianta um pesquisador voltar ao brasil, e ser infeliz pelo resto de sua vida? uma pessoa a mais feliz no mundo e’ o que faz a diferença.

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    1. Pois é… O cara pode ser um excelente cientista, mas pisou nos colegas neurocientistas brasileiros, fazendo declarações que davam a entender que a neurociência nasceu no país com a sua chegada. Já havia muita gente aqui ralando na área e fazendo pesquisa de ponta, apesar de todas as dificuldades. Gente que se mata por editais universais de 30 mil, enquanto ele ganha 33 milhões na lata.

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      1. Justamente, eu lembro de concordar com quase tudo que ele falava sobre pesquisa no Brasil antes de voltar, e de discordar de quase tudo que ele fala agora que se estabeleceu aqui…
        Logo quando ele voltou foi convidado pelo ministro do MCT a opinar sobre o que poderia melhorar, e agora ele se reserva ao direto de atacar qualquer um que discorde do governo Dilma…

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  13. Gente, obviamente é uma notícia ruim. Mas governo não é a única fonte de recursos para pesquisa. Os pesquisadores brasileiros precisam se acostumar a correr atrás de muitas outras fontes de recursos. É questão de sobrevivência. O bom de tempos de crise (e qualquer crise, em qualquer área) é que dá uma limpa nos grupos menos eficientes e faz os responsáveis focar naqueles que tem mais importância. Bem vindos ao mundo real 🙂

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    1. Eu concordaria com você, mas o governo federal faz de tudo para atrapalhar a diversificação de recursos. O problema vem desde de dentro da universidade, onde grupos estudantis consideram questão de honra atrapalhar tudo, até a própria legislação que cria taxas absurdas e burocracia desnecessária,

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      1. Sim, também concordo com você. Todos esses pontos levantados por vocês, leitores do blog, apesar de parecerem discordantes, na verdade apontam para uma mesma direção: precisamos de mais independência nas universidades. Independência financeira, principalmente.

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    2. O problema é que várias despesas mais “operacionais” dos programas não se encaixam estritamente em recurso de pesquisa…por exemplo, custos com a vinda de membros de banca. São coisas pequenas, mas que dificultam pra caramba o funcionamento do programa.

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      1. Exato. Por isso mesmo eu acho que uma crise como essa pode ser uma oportunidade de pensarmos fora da caixinha. Os PPGs brasileiros dependem demais da Capes, até mesmo para pagar a participação de um professor em uma banca, e isso não é saudável.

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      2. No caso das bancas, eu acho que vai ser uma boa oportunidade para diminuirmos o impacto causado para a viagem de uma pessoa para fazer o que dá para ser feito facilmente via um sistema de video-conferência. Isso vai diminuir não só os custos financeiros (trazer alguém do RS para BA pode custar mais de 3000 reais para um PPG), como também o impacto ambiental. Concordo com vocês que essa crise será importante para repensarmos os PPGs brasileiros.

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        1. Temos que tentar sair dessa crise diferentes do que éramos antes. Não dá mais para nos apegarmos ao modelo antigo.

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      3. Só para você ter uma ideia, a pró-reitoria da USP se dá ao “direito” de abocanhar, sem absolutamente nenhuma contrapartida atém de ” dar carimbo”, 10% de qualquer doação aos institutos.
        Os próprios regimentos atrapalham a obtenção de recursos.

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        1. Exato. Na UFMG, quando ganhamos verba da Fapemig ou iniciativa privada, ainda temos a opção de recorrer à fundação universitária, que cobra uma taxa, mas faz todo o serviço burocrático e contábil para a gente. Se fosse sempre assim, perderíamos bem menos tempo com papelada e investiríamos mais tempo em pesquisa, ensino e extensão por todo o Brasil.

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    3. Infelizmente, o governo massacra empresas, empresários e cidadãos com impostos excessivos. Infelizmente o governo cria seguranças demais, intervém demais de forma negativa em tudo para beneficiar pessoalmente políticos e apadrinhados sem se importar com mais nada. A iniciativa privada não tem como investir em pesquisa e forma expressiva aqui neste país, pelo menos não enquanto nosso governo for liderado por esquerdopatas.

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  14. Uma condição que não era boa, agora quase impossível. Não apenas o blog está de luto, mas todos os pesquisadores do Brasil.
    Uma triste notícia.

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  15. Sempre esperançoso, como sou, espero que seja um momento ruim. Ao invés de dizer que faleceu, prefiro pensar que estamos em diapausa. Espero que eu esteja mais certo do que você, mas não me espantarei de mais uma vez o meu pensamento positivo mais uma vez me trair.

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    1. É uma reação exagerada declarar óbito da atividade científica no país, até porque existe o setor privado ainda. O governo está cortando gastos, simples assim. Estamos sofrendo a ressaca da bebedeira do último mandato de FHC e os mandatos de Lula e Dilma.

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      1. Acredito que a educação pública sempre foi bandeira de luta de partidos com foco no social. Nesse caso, o governo não tem a menor razão em buscar garantias para pesquisa, nas universidades privadas. Outro ponto é a “ressaca”! A minha sempre é logo após a bebedeira. É, no minimo, ingenuidade, colocar a como único culpado, nu governo que tomou suas últimas medidas administrativas, à mais de 15 anos. Eu, embora tenha pensamento sócio-político bem voltado e focado no social, não sou burro!

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      2. “Estamos sofrendo a ressaca da bebedeira do último mandato de FHC”

        Da onde você tirou isso…? O que está pegando agora é reflexo do governo Dilma, isso já tinha sido avisado muito claramente antes da eleição ano passado…

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      3. Não é exagerada, partindo do princípio que ao contrário do que acontece em países como o Canadá, onde a ciência se desenvolve majoritariamente pela iniciativa privada, no Brasil ela se desenvolve dentro das universidades públicas. Claro que as pesquisas de base a nível de mestrado e doutorado continuar por outros órgãos, mas é MUITO alarmante!

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